sexta-feira, 29 de agosto de 2008

APOSTILA - PARTE III - DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL

DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL
Nenhuma empresa é igual a outra, mesmo numa rede, as unidades funcionam com características próprias. O que muda? A complexidade surge a partir das relações humanas.
Muitos fenômenos de comportamento humano não podem ser experimentalmente comprovados são constituídos de fatos que se espalham na odisséia das civilizações, ou no contemporâneo de nossos poucos anos. As ciências sociais procedem a uma cuidadosa observação e registro sistematizado dos dados em estudo. O método da observação vai ao campo onde se processam os fenômenos e à pessoa observada na sua conduta natural.
Em psicologia aplicada à empresa o método da observação é utilizado nas pesquisas de motivação no trabalho e moral dos empregados, entrevistas individuais e coletivas ou com preenchimentos de formulários que fornecerão indicativos das necessidades do trabalhador ou responderão quais motivações estão sendo frustradas, gerando baixo nível de satisfação para com a empresa. Cabe-nos, então, uma reflexão sobre os conceitos e pensadores da psicologia, já consagrados e repensados; e a partir de uma ampla base conceitual formatar a nova gestão hoteleira, valorizando o ser: produto, objetivo, matéria e mão de obra-prima dos meios de hospedagem.
Inteligência Emocional
O que é mais importante os conhecimentos adquiridos ou a vida das pessoas?
Devemos manter no centro do palco e nunca perder de vista que tudo gira e deve girar em torno da vida. Portanto todas as coisas são importantes ao seu tempo, se houver vida. Antes de formar o profissional há que se formar o ser, pois todo o resto seria ineficaz.
De que adiantaria investir de 15 a 20 anos de estudo se morremos no dia da formatura atingidos por uma bala, uma navalha, numa briga “tola”, por falta de equilíbrio emocional?
Como conceber treinamentos que não agreguem em seu conteúdo a valorização do ser, a auto-estima. O mundo hoje paga o preço das injustiças cometidas. Queremos prosseguir assim? Gostamos de usufruir do sangue que jorra da cruz? É preciso conscientizar todos os lados. Desde o porteiro até o piloto no heliporto. Não se pode usurpar a vida e a dignidade. Isto clama no universo. Nunca haverá paz fora da justiça e do amor.
Características da mente emocional.
A mente emocional é muito mais rápida que a racional age sem a reflexão deliberada, analítica que caracteriza a mente racional. Reação emotiva, de rápida percepção – as impressões e julgamentos intuitivos podem ser equivocados e dirigidos ao alvo errado. Quando os sentimentos persistem durante muito tempo tornam-se estado de espírito e este estabelece um afeto, mas não formam percepções de maneira tão forte como no calor da emoção. O primeiro impulso vem da emoção e não da mente racional, porém há a reação emocional que passa pelo pensamento e é precedida de avaliação – processo cognitivo – determinando quais emoções serão despertadas.
Nesse processo um pensamento mais articulado precede o sentimento – emoções provocadas por pensamentos. No processo rápido o sentimento precede ou é simultâneo ao pensamento. Essa reação emocional assume o comando em situações de emergência e sobrevivência. O poder da reação emocional consiste em nos mobilizar num átimo, reações involuntárias. Isto ocorre na raiva, no medo, quando sem nossa deliberação algo acontece conosco.
A mente emocional possui uma lógica associativa. Elementos que simbolizam a realidade são para a mente emocional a própria realidade. É por isso que a arte, metáforas e imagens têm comunicação direta com a mente emocional. Grandes mestres espirituais falaram através da linguagem da emoção. Essa lógica do coração ou da mente emocional é descrita por Freud quando ele fala do processo primário de pensamento; é a lógica da religião e da poesia, da psicose e da criança, do sonho e do mito. No processo primário não existe o interdito, as coisas não precisam ser definidas o que importa é como são percebidas. A lembrança evocada pela percepção de alguma coisa poder ser muitíssimo mais importante do que a coisa “é’. Na vida emocional o que conta é como se sente o fato. Exemplo do doce que cai no chão; para você, para um adulto, pode não significar; porém pode ser causa de trauma para uma determinada criança. (as emoções desencadeadas, as reações e ancoras que ficam, os desequilíbrios que podem tornar alguém enfraquecido ‘hiper sensível’ para a vida social atual). A mente emocional considera que as crenças são totalmente verdadeiras eis porque é tão difícil fazer com que alguém, sob perturbação emocional, raciocine. Os sentimentos se autojustificam por uma série de percepções e de “provas” convincentes. Alguém que se julga traído por percepções dificilmente será convencido a usar a mente racional para uma nova evidência para alterar, substituir uma percepção. A mente racional lida com fatos a emocional, com crenças.
Na ocorrência de um evento que traga para a mente emocional quando criança fortes sensações gera âncoras no futuro adulto.
Nossa mente emocional usará a mente racional para seus fins, e então justificaremos nossos sentimentos e reações – racionalizamos – diante do que está acontecendo, sem que nos demos conta das influências da memória emocional, desta forma, não temos a menor idéia do que realmente está ocorrendo, embora acreditemos que saibamos.
Cada emoção tem seu repertório de pensamentos, reações e memórias. A memória seletiva é um dos sinais de que este repertório está ativo. Parte do desempenho mental diante de uma situação emocional consiste em fustigar a memória e as opções para agir de forma que as mais relevantes possam ser prontamente acionadas. Cada emoção tem a sua assinatura biológica característica, um padrão de alterações avassaladoras no corpo à medida que a emoção ascende e um tipo exclusivo de sinais que o corpo automaticamente emite quando sob emoção.
Aptidões Comportamentais
· Não verbais – comunicar-se por contato ocular, expressão facial, tom de voz, gestos. (Leia: O Corpo Fala – de Pierre Weil e Roland Tompakow)
· Verbais – pedidos claros, responder efetivamente à critica; resistir a influências negativas, ouvir os outros, participar de grupos positivos de colegas.

O conflito normalmente surge com a “falta de comunicação, fazer suposições e tirar conclusões, enviar uma mensagem ‘dura’, tornando difícil a pessoa ouvir o que estamos dizendo”
A questão nem sempre é evitar o conflito, mas resolver a discordância e ressentimento. Expressar seu ponto de vista sem agressividade. A assertividade acentua a expressão direta dos sentimentos.
Temas de dramática importância na vida de uma criança, na maioria das vezes guardados para si, obcecando-se com eles sozinha, sem partilhá-los, na ciência do eu, podem se tornar tópicos do dia; é grão para o objetivo explícito de iluminar o sentimento que a criança tem de si e do relacionamento com os outros.
Controle das Emoções:
Autoconsciência, reconhecer sentimentos, saber se são os pensamentos ou os sentimentos que governam uma decisão; avaliar as conseqüências de opções alternativas. A autoconsciência, também, se dá no reconhecimento de nossas forças e fraquezas, na possibilidade de nos vermos a uma luz positiva; mas realista (evitando ferir a auto-estima).
Inventário
Compreender o que está por trás de um sentimento (mágoa que dispara raiva) e aprender como lidar com ansiedades, ira e tristeza.
Assumir responsabilidade por decisões e atos e cumprir compromissos.
A empatia é uma aptidão social chave. A compreensão dos sentimentos dos outros é a adoção da perspectiva deles, e o respeito às diferenças no modo como as pessoas encaram as coisas.
Os relacionamentos são importantes, incluindo aprender a ser um bom ouvinte e um bom questionador; distinguir entre o que alguém diz ou faz e nossas reações e julgamentos; ser mais assertivo, e não raivoso ou passivo; e aprender as artes da cooperatividade, solução de conflitos e negociação de meios-termos.
Comportamento
Para se alterar um comportamento é preciso ter entendimento (psicológico sobre o mesmo). O poder é a capacidade de influenciar as pessoas.
Nenhum comportamento acontece por acaso; há sempre uma causa consciente ou inconsciente que vai fundamentando até um determinado momento:
O meu referencial;
O referencial dos outros; e
O referencial da situação.
Quanto maior o entendimento e profundidade maior flexibilidade para lidar com situações complexas.
A causa pode ser consciente ou inconsciente. Não adianta estudar uma ótica só. Tratar as emoções com mais cuidado. O estado pode ser mudado através da consciência do estado.Transformar a realidade a partir de sua cabeça, esse processo pode ser independente de estímulos externos.
As perturbações do Comportamento dependem da intensidade e do contexto. Alguns exemplos:
1 – Orgulho: Conceito muito elevado que alguém faz de si mesmo; altivez, brio. Amor-próprio exagerado. Empáfia, soberba.
2 – Arrogância: Prepotência, altivez, insolência, presunção. Exemplo: humilha funcionários.
3 – Apego: Apego material exagerado. Exemplo: Fazer um escândalo por não achar um objeto.
4 – Egoísmo: Que, ou quem trata só dos seus interesses. Amor exclusivo a si próprio. (só pensa no próprio bem estar).
5 – Ambição: Desejo de riquezas, de poder, de glória ou de honras. Aspiração, pretensão. Cobiça. (exagero – ultrapassar limites éticos)
6 – Inveja: Desgosto, ódio ou pesar por prosperidade ou alegria de outrem. (destruir o que o outro tem)
7 – Manipulação: (cria intrigas)
8 – Agressão: meio externo com pessoas. No hotel as pessoas estão pagando para serem atendidas. O agravante na hotelaria é que as pessoas vão buscar manifestar, aliviar. Agressão auto dirigida, quando consigo mesmo.
9 – Estresse: Conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa, e outras, capazes de perturbar-lhe a homeostase; stress. (desgaste psicológico)
10 – Depressão: Ação de deprimir-se. Abaixamento de nível. Abatimento (físico ou moral). Pode ter fatores biológicos.
11 – Compulsão (Ação repetitiva – beber, comer, ritual – fuga)
12 - Alienação: Desarranjo das faculdades mentais. Indiferentismo moral, político, social ou mesmo apenas intelectual.
13 – Insegurança.

O por quê do desenvolvimento comportamental?
As pessoas de um modo geral estão insatisfeitas com a sua vida. Uma onda crescente de frustração. Queixam-se da maneira de viver, do tédio, do grau excessivo de ansiedade. Problemas de relacionamento afetivo e profissional. Estado crônico de desgaste. Processo avassalador de nosso interior. Necessidade de mudança. Crise, choque do futuro, transformações rápidas e profundas, alterando os valores. Conseqüências psicológicas desse violento processo de mudança e de perda de valores: devastação da energia humana.
Para lidar com essas forças críticas é necessário o crescimento, programas que nos ensinem a viver de um modo mais adequado, como seres humanos, programas de autodesenvolvimento, de crescimento individual, o processo de desenvolvimento é pessoal e intransferível. Encontrar as respostas: Quais são os nossos objetivos vitais, qual a nossa concepção de felicidade, quais são as nossas necessidades naturais e quais foram criadas? Adquirir equilíbrio para lidar com as forças contraditórias de uma sociedade em crise, tornar-nos mais disponíveis para a felicidade, acreditarmos na possibilidade de um modo diferente de viver melhor, lidar com os processos que nos impedem de conquistar maior energia vital.
Venenos que destroem nossa energia vital: medo de perder, a obsessão do 1o lugar, o compromisso com sucesso a competição crônica refletida no sistemático cultivo da inveja, a loucura por controle, a depressão, e a culpa.
Refletir para alcançar a mudança quanto a esse processo, mas isto exige compromisso pessoal intimo e total para com sua própria vida. Você é o único responsável pelo seu próprio aprendizado. Mestre aquele que aprende e não aquele que ensina. O maior ensino, o mais difícil é ensinar a si mesmo e ensinar a si mesmo é aprender.
Medo de Perder
Um dos maiores obstáculos para uma vida plena e harmônica é o medo de perder. O medo de perder alguém. Estado contínuo de sofrimento: medo de perder. Medo de tornar-me dispensável às pessoas com as quais nos relacionamos. Reveste-se de disfarces medo de sermos criticados, de que falem mal de nós, que nos humilhem, que sejamos rejeitados, que nos menosprezem; Medo de não sermos amados, medo da solidão; tudo isso pode ser designado por uma palavra: ciúme. O ciúme e o medo de não ter alguém, de não possuir alguém, de não vir a ser dono de alguém, na relação ciumenta colocamos nós e o outro como objetos, nessa relação pessoa e objeto são a mesma coisa. No ciúme temos medo de ser, algum dia, considerados inúteis, dispensáveis, a emoção do sofrimento, da relação confusa, misturada, dependente. O que a agrava é que na nossa cultura aprendemos o ciúme como sendo amor e o ciúme é justamente o contrário, na relação amorosa existe identidade, eu sou, independente de você. Na relação ciumenta perde-se a identidade. O amor é solto, é livre está ligado à opção a escolha. O ciúme prende, amarra, condiciona, determina. Eu já não sou eu, sou o que o outro quer que eu seja. Há um pacto de destruição mútua. Eu me desrespeito, eu me destruo para que o outro não me destrua.
Ao invés de compor esforços para ser cada vez melhor, gasto minhas energias para provar a todos que eu já sou o melhor (marido, amigo, profissional, chefe, filho ou pai), perigo de onipotência. Medo de perder X vontade de ganhar. Gastar energias para segurar o que ganhamos. A vontade de ganhar, ao contrário nos faz estar sempre ativos, prontos a evoluir conquistar novos degraus na escalada da vida.

ATIVIDADE EM EQUIPE
Simule situações no ambiente hoteleiro que revele exemplos de pertubações comportamentais e sugira uma solução para os conflitos daí decorrentes.

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