quarta-feira, 19 de novembro de 2008

15a aula - Vespertino 18/11/08; matutino 19/11/08

I) Interpretação de textos:
1) Poema de Fernando Pessoa
EROS E PSIQUE
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante; esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A princesa que dormia.
(apud – ESPÍRITO SANTO, Ruy Cezar. Autoconhecimento na formação do educador. Página 62-63

2) A ARTE DE SER FELIZ, de Cecília Meireles
Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era numa época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Veja. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(apud GUIMARÃES, Magda Soares. Português através de textos. página 99-100)

3) PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 13: 1-13
Ainda que eu falasse línguas,
As dos homens e as dos anjos,
Se eu não tivesse a caridade,
Seria como um bronze que soa
Ou como um címbalo que tine.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia,
O conhecimento de todos os mistérios
E de toda a ciência,
Ainda que tivesse toda a fé,
A ponto de transportar montanhas,
Se não tivesse a caridade,
Eu nada seria.
Ainda que eu distribuísse
Todos os meus bens aos famintos,
Ainda que entregasse
O meu corpo às chamas,
Se não tivesse caridade,
Isso nada me adiantaria.
A caridade é paciente,
A caridade é prestativa,
Não é invejosa, não se ostenta,
Não se incha de orgulho.
Nada faz de inconveniente,
Não procura o seu próprio interesse,
Não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça,
Mas se regozija com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
Tudo espera, tudo suporta.
A caridade jamais passará.
Quanto às profecias, desaparecerão.
Quanto às línguas, cessarão.
Quanto à ciência, também desaparecerá.
Pois o nosso conhecimento é limitado,
E limitada é a nossa profecia.
Mas, quando vier a perfeição,
O que é limitado desaparecerá.
Quando eu era criança,
Falava como criança,
Pensava como criança,
Raciocinava como criança.
Depois que me tornei homem,
Fiz desaparecer o que era próprio da criança.
Agora vemos em espelho
E de maneira confusa,
Mas, depois, veremos face a face.
Agora, o meu conhecimento é limitado,
Mas, depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora, portanto, permanecem fé,
Esperança, caridade,
Estas três coisas.
A maior delas, porém, é a caridade.

(O AMOR EM ATIVIDADE. Obrigado Fernanda)

II) Contabilidade. página 84 - 88



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